Numa noite eleitoral que ficará gravada na memória coletiva como um verdadeiro abalo sísmico político, o CH irrompeu pelo sul do país, conquistando concelhos e corações, e deixando o tradicional equilíbrio partidário em ruínas. O mapa eleitoral, outrora dominado a sul pelo Partido Socialista, foi dramaticamente redesenhado: o CH passou para a frente em 60 concelhos, muitos deles no Alentejo e Algarve, enquanto o PS ficou-se por apenas. Évora transforma-se assim na “muralha mais a Norte” e resiste como pode.

A ascensão do CH não foi apenas simbólica — foi tectónica. Com 22,56% dos votos a nível nacional e 58 deputados eleitos, o partido igualou o PS em representação parlamentar, mas foi no Sul que a sua força se fez sentir com maior intensidade. Em zonas historicamente dominadas pela esquerda, o eleitorado virou-se para um discurso populista, securitário e nacionalista, num grito de protesto que abalou os alicerces da democracia portuguesa.

O sul, tradicional bastião da esquerda, tornou-se agora o epicentro de uma viragem ideológica sem precedentes, levantando dúvidas sobre a coesão social e o rumo do país. Portugal acorda para um novo ciclo político, marcado pela incerteza, pela fragmentação e pelo crescimento de forças anti-sistema — um verdadeiro terramoto eleitoral que deixa o país à beira do desconhecido.

O povo está descontente, mas expressa-se mal.

O povo não se revê nas políticas praticadas dos últimos anos, nem do rumo do país e muito menos por toda a corrupção que tem vindo a assolar os partidos políticos do sistema e das suas lideranças. Neste caso a expressão de um povo deveria ser o – voto em branco.

O voto em branco é uma expressão legítima e relevante da vontade do eleitor num processo democrático. Ao contrário da abstenção, que representa a não participação, votar em branco significa comparecer às urnas e optar por não apoiar nenhuma das opções apresentadas no boletim de voto.

O voto em branco representa:

  1. Expressão de Descontentamento Consciente
  2. Pressão sobre os Partidos
  3. Valor Democrático
  4. Educação Cívica
  • Ninguém@lemmy.pt
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    6 months ago

    Concordo contigo quanto ao voto em branco expressar melhor o que “o povo” “quis dizer”, mas quanto a outras questões tenho dúvidas: Se o povo fosse exigente com a corrupção não votavam em ladrões de malas no aeroporto, nem em molestadores de crianças.

    O partido em questão é o garante do “status quo” - o preto é que trabalha, a mulher é para ficar em casa e os homens é para ir para a tasca dizer asneiras.

    O país não arranca da cauda da Europa - nem nunca arrancará - porque é aluno de nível 1 (e, como todos os alunos de nível 1, a tentar tudo para ser pior), não porque não adota mais prontamente políticas destrutivas como as do Milei como sugere a outra maldição que aí vem.

    Lembras-te dos teus colegas betinhos que não entrendiam porque é que “não te integravas nas festas em que passavam a Madona” e preferias ir ouvir Joy Division com meia dúzia de malucos numas escadas atrás dos prédios? Pois é. Eles estão a ganhar.